quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

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“Se um dia, por qualquer motivo, Achares que o teu viver ficou vazio de sonhos, Abre a janela do teu quarto, Ajeita num vaso, com graça, as flores da tua infância, Mesmo que elas sejam imaginárias. Deita-te para sonhar na noite desse dia, Mesmo que não tenha anoitecido ainda, E imagina no céu estrelado a lua do teu encantamento. Busca nas tuas lembranças os sabores, os odores, Os contos de fadas e os príncipes, Que te encantaram quando menina, E adormece pensando que irás nascer novamente. Quando acordares, Antes de o tempo fluir do passado até o momento, Antes que a razão te diga que foi uma mentira, Olha-te no espelho, Descobre no teu rosto o olhar de uma criança, E terás então, olhos nos olhos, a verdade... A única que nos acompanha por toda vida, Independente da nossa vontade.”


António Miranda Fernandes

A pressa

Vem mergulhar em mim meu amor. Escuta a melodia da sereia e o bater das ondas que se arrasta... É para mim urgente a tua entrega e não há mais tempo a perder.
Tenho uma certa pressa em ter-te assim devagar, é que não aguento mais a distância do teu abraço sentido. Fecha os teus lindos olhos e vem deliciar-te por inteiro, nesta água doce de que sou feita e fá-la assim transbordar... Afaga gentilmente os meus cabelos, sente o quanto o meu corpo e a minha alma te desejam. Este mar é todo teu. Sabes disso...

Rita

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Abraço



Na noite que entretanto cai
Depois do sol posto nos meus braços,
Cansado e a dormir profundamente
Penso em ti com calma e com doçura.
Nesse olhar …eu sinto que tenho tempo
E com esse tempo tenho lugar…
E em vez do sol apagado
Mas quente no meu regaço,
É a tua cabeça que eu afago
E quase o sol que eu abafo.
Leio na face o que te vai na alma
E escuto com o coração atento
O que a tua expressão não conta.
Interiorizo todos os gestos perdidos,
As palavras contidas,
As intenções travadas
E as lágrimas escondidas;
Absorvo tudo…saboreio.
Esgoto a tua presença ausente!
No dia que entretanto chega,
Depois do sol se levantar do meu regaço,
De mim,
Acordo e não te vejo…
E chega uma sensação gelada e triste
E o meu coração emudece.
E tristemente conformado se rende
Ao já habitual ser cansado e rouco,
Ao abandono, à ausência e à saudade.
Penso…
Novo dia virá,
Novo dia se porá.
Acalmo sem calma, coisa difícil essa…
Novo pôr-do-sol te trará…
Te trará fugaz,
Embora uns minutos apenas,
Embora delírio encantado,
Nos meus joelhos sentado.
O meu colo permanecerá sempre aqui.
Para ti mesmo que ausente.
Para ti.
Para o sol.
Para o abraço.

Rita

Mar(esia)


O mar és tu por mim adentro.
És infinito porém cabes na minha mão aberta.
Pareces distante porque és imenso.
Tu meu amor pertences ao mundo,
E eu sinto a vertigem quando estás perto...
Não quero um abraço eterno nem ter-te para sempre.
Quero um encontro breve na linha do horizonte.
Estarei lá, à hora marcada para te amar.
Depois...regressarei à minha praia para sentir a maresia. A maresia...
Rita

Cuidas?


Pega-me ao colo e deixa-me ser mais uma vez criança.
Nessa confiança que sinto em ti, deixa-me ser.
Abraça-me de frente para o sol e tira-me o medo.
Eu quero a pureza nua nos meus olhos reflectida pelo teu olhar.
Preciso que me digas que só existe o amor, a luz e o que é bom.
Conta-me o final feliz da nossa história interminável.
Brinca comigo para me poderes prometer tudo.
Segura-me nos teus braços fortes e não me percas nunca, porque eu não quero crescer.
Guarda-me assim pequenina.
Eu dou-te a minha inocência para que construas um castelo de areia junto ao mar...
Assim, quando vierem as ondas, podes pegar na minha mão e levar-me pra lá morar.
Ficas comigo?

Rita

Vem



Não deixes que o sorriso se afogue nos teus olhos doces.
Tu inspiras a paisagem com a tua frescura que transborda e dás-lhe cor.
És uma espécie de sol que desbrava o horizonte e me faz sede de águas cristalinas.
És a melodia que desperta a dança dos loucos amantes das dunas desertas.
O teu sabor perfumado embebeda-me de prazer e os teus gestos suaves possuem a força de mil cavalos a galope num campo de girassóis ao vento.
Deixa esse sorriso aquecer os meus dias turvos de cinzento e preto e colorir também estas minhas lágrimas que já não suporto.
Tudo em ti é precioso demais para a tristeza, para a melancolia teimosa dos dias ásperos.
Lança-te do precipício mais alto e não voes, vem antes esbarrar-te no meu eu, que tem urgência em te ter. Vem depressa, porque vamos sorrir juntos meu amor, sufocar o mundo cruel e fazer vingar o dom que ambos criámos...o dom do amor.

Rita