sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Acordei a precisar de Amor e de Saudade


Amanhece.

Abrir-me para a janela em frente, é o meu primeiro cigarro.
Levo comigo o retrato numa moldura apertada contra o peito.
Sei que também queres este nosso momento.
Queremos ambos este beijo.
Cedo, os sentidos acordaram e levitaram no meu quarto.
Vou usá-los no monólogo de hoje e abafar o silêncio.
Falo contigo no passado, que é quando ainda te lembro.

O passado é surdo e que importa isso?

Já começou, sim, já.
Acordei a precisar de amor e de saudade.
Por isso, vou usar-te apenas mais hoje.
Se o fazes, não sei, nem isso importa, usa-me.
Podes usar-me sempre, mas só para ti.
Escutas a música que aí vem? Abraça-me ainda.
É a nossa música e a nossa voz.
Aposto que consegues lembrar-te do meu sorriso.
Isso...não tenhas pressa em me esquecer.
Lembras-te do meu sorriso?
Então fica, não vás embora já, eternamente.
Vive comigo. Só eu sei das tuas mãos...
Deixa-me abraçar-te para a janela em frente.
Ouve o momento e o eco do momento...
Ouve-nos no meio destas paredes.
Olha, lá vão as palavras no silêncio...
Bebe-me e ao vinho, como fazias.
Fala comigo. Afaga os meus cabelos, sente o molhado do meu calor.
Consegues escutar o prazer que eu te digo nestas palavras? É a sério.
Este amanhecer é nosso.
Como poderia deixar-te passar...
Não, hoje não!
Vens comigo até acabar.
Quando? Quando não sei...


Rita

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